O Potencial de Portugal para o Cobre na Era da Transição Energética

O Potencial de Portugal para o Cobre na Era da Transição Energética

A Ascensão do Cobre

À medida que o mundo acelera a transição energética, o cobre surge como um mineral-chave que impulsiona a revolução verde e redefine o mapa económico global. Com a crescente necessidade de reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, o cobre assume-se como um material essencial para a eletrificação e as tecnologias renováveis, tornando-se o “novo petróleo” das economias modernas.

A crescente relevância do cobre deve-se ao seu papel crucial na infraestrutura verde, como veículos elétricos, redes inteligentes e geração de energia renovável. Segundo um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), a procura por este metal aumentará mais de 66% entre 2020 e 2040, passando de 23,5 milhões de toneladas para 39,1 milhões de toneladas.

Esta transformação reflete uma mudança estrutural no consumo global, impulsionada por compromissos internacionais para reduzir as emissões de carbono e limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

Transição Energética

O aumento da procura por cobre não responde apenas à transição energética, mas também a fatores geopolíticos e tecnológicos. As tensões na Europa e no Médio Oriente, aliadas ao aumento do investimento em defesa, impulsionaram a procura deste metal para a produção de equipamentos militares.

O papel central do cobre na transição energética deve-se à sua versatilidade e eficiência na condução elétrica. Este metal é essencial na produção de veículos elétricos, que necessitam entre 60 e 83 kg de cobre por unidade – quatro vezes mais do que um automóvel convencional. Além disso, é fundamental na construção de painéis solares, turbinas eólicas e redes elétricas inteligentes, pilares essenciais da transição para um modelo energético sustentável.

Adicionalmente, a inteligência artificial (IA) está a aumentar significativamente a procura por centros de dados. Os processos de IA, especialmente os que envolvem deep learning e o treino de modelos de larga escala, exigem enormes quantidades de energia computacional, armazenamento e largura de banda, o que também contribui para um maior consumo de cobre.

De acordo com dados da Bloomberg, a China é o maior consumidor de cobre do mundo, mas também um dos principais detentores de reservas. Em março de 2024, os stocks globais de cobre atingiram 491.000 toneladas métricas – o nível mais alto em três anos – com grande parte concentrada nos inventários chineses. A China representa mais de 50% da procura no mercado global de cobre.

O aumento da procura global levou os preços do cobre a atingirem níveis recorde. Em maio de 2024, a Bolsa de Metais de Londres (LME) registou um preço intradiário de 11.460 dólares por tonelada métrica, impulsionado pela oferta limitada e pela pressão do consumo. A nível internacional, os preços do cobre continuarão a ser influenciados pela dinâmica da oferta e da procura. Analistas do Financial Times sugerem que o preço pode quadruplicar para 40.000 dólares por tonelada devido ao esgotamento das reservas mundiais e ao crescimento da eletrificação.

Potencial da Mineração de Rejeitos

Apesar do otimismo, a oferta de cobre enfrenta múltiplos desafios que podem limitar a sua capacidade de satisfazer a procura futura. Entre eles destacam-se a falta de novas minas em operação, tensões geopolíticas, restrições ambientais e escassez de mão de obra, que reduziram a produção em vários países produtores.

De acordo com um estudo da S&P Global, o défice entre a oferta e a procura poderá atingir 10 milhões de toneladas métricas de cobre até 2035. Para colmatar esta lacuna, seriam necessárias cerca de 80 novas minas, o que exigiria investimentos massivos. No entanto, os longos tempos de desenvolvimento – que, em média, demoram 23 anos – bem como a crescente oposição social à indústria mineira, dificultam a concretização desses projetos.

Isto cria uma oportunidade de negócio significativa para Portugal. A Península Ibérica, que inclui Portugal e Espanha, possui uma longa tradição mineira, com inúmeras minas abandonadas ao longo dos séculos devido a mudanças económicas, esgotamento de recursos ou transição para técnicas mineiras modernas.

Oportunidades na mineração de rejeitos (Tailing Mining) são, por isso, impressionantes. Este tipo de exploração não só oferece benefícios ambientais, ao recuperar áreas degradadas, como também representa uma oportunidade económica significativa, uma vez que os avanços tecnológicos permitem recuperar mais materiais a custos mais baixos, tornando-os viáveis para reprocessamento.

Embora seja difícil obter um número exato, estima-se que existam cerca de 200 locais de minas abandonadas em Portugal com potencial para mineração de rejeitos. Os minerais recuperáveis incluem ouro, prata, níquel, bauxite, cádmio, cromita, cobalto, manganês, tungsténio, antimónio e outros – mas o potencial de recuperação do cobre continua a ser impressionante.

No meio deste cenário, as minas abandonadas em Portugal representam uma oportunidade valiosa para impulsionar a transição energética, contribuindo tanto para o desenvolvimento económico como para a reabilitação ambiental, acelerando a mudança para uma economia sustentável.

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Carlos Cortes

The Venture Builder

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